Partiu deste mundo com
uma explosão no peito, num desenho de vida expandida em múltiplas trajectórias disparadas
a direito. Do coração, restou um pequeno saco rebentado no chão e um charco de
sangue vertical, a desenhar linhas em queda livre pela parede como pincel de
tinta vermelha a criar uma pintura oriental.
Morreu de emoção. Alegre,
com satisfação, feliz como ninguém. Só assim foi capaz de expressar o tamanho
que um afecto impossível tem. Morrer, de verdade, não morreu; foi apenas o que
sentiu quando, sem contar, um dia descobriu um amor que sempre quis seu.
Explodiu-lhe o peito,
como se fosse esse o propósito para o qual o coração foi feito.