segunda-feira, 14 de abril de 2014

as meninas da noite

 imagem: Manuel Alves

As meninas que trabalham à noite são crianças endiabradas sem medo do açoite. A tentação do coração. Talvez da razão. O que for de maior valor.
Trabalhar nas horas do escuro não é sempre o que parece. Pode ser trabalhar no duro ou fazer apenas o que apetece. O dia tem as horas todas para usar e, às vezes, em vez de gastar algumas a dormir, as meninas têm de insistir, esconder o bocejar no sorrir e continuar.
Sei os enganos do pensamento. Preconceitos de jumento. As meninas só trabalham à noite porque não lhes chega as horas do dia. Tanto podem servir uma sopa quente como trazer ao mundo uma cria. Milhares de ofícios, nenhum deles relacionado com a escuridão dos vícios.
Às vezes, fazem outras pessoas sorrir. Meninos que também trabalham sob as estrelas. Coisas que acontecem sem pedir, surpresas inventadas por elas.
O simples olá tem o poder de inventar mundos de riso. E, não importa onde se está, rir é sempre preciso.
E depois dá-se lugar ao beijo que liberta as pessoas para os destinos. Afastam-se no fim do riso, o até à próxima no desejo de meninas e meninos.

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